quarta-feira, 30 de junho de 2010

Nova York, paranóia!

A Broadway é uma das principais vias de Manhatan. Sempre movimentada com carros, ônibus, pessoas e até animais circulando. Mas essa tarde estava vazia. Quando entrei, nela achei estranho e, logo em seguida, avistei 5 carros de bombeiros, uma linha de isolamento (daquelas que a gente vê em filme) e a mais adiante outros carros de bombeiros e um amontoado deles olhando uma bolsa.

Achei tudo aquilo muito estranho, mas fiquei observando ao lado de mais algumas pessoas curiosas. Um policial se aproximou e disse que provavelmente aquilo não era nada, mas seria bom a gente ir para longe. Todos desobedeceram, é claro.

Quando tudo terminou, fiquei sabendo que alguém deixou uma bolsa na rua e isso é um sinal forte de terrorismo!


Chamaram os bombeiros e chegaram uns cinqüenta, sem exagero. Se fosse uma bomba e explodisse, talvez o corpo de bombeiro ficasse bem desfalcado.
Enfim, não foi nada. Não sei o que continha a bolsa, mas certamente não era nada que colocasse em risco a vida de qualquer pessoa.

Vi um espetáculo! Desses que a gente não compra ingresso e nem sabe quando vai acontecer, mesmo que Nova York seja palco de atentados e tentativas e esteja sempre alerta.

Foi interessante ver a reação das pessoas e perceber a paranóia de uma cidade que luta pra viver feliz no seu consumismo, mas se depara com uma realidade incerta e inconveniente. Nova York tem seus encantos e, principalmente, vende muito bem os encantos que não tem.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Precisamos de “desenrolados enrolões”


Você não vai tirar 10,0 na sua monografia pra você saber que um trabalho precisa ser bem apresentado!

Foram essas as palavras da orientadora de um aluno após a avaliação do seu trabalho monográfico

Desde que comecei minha carreira docente que participo de bancas de monografia de graduação e pós-graduação. Li trabalhos bons, excelentes, fracos, inócuos e até possivelmente comprados (que nunca consegui comprovar). Sempre tentei contribuir com a melhoria de cada monografia que li, sempre tentei argüir o aluno para que ele pudesse expressar melhor o que escreveu ou tirar alguma dúvida; sempre tentei estipular uma nota que fosse coerente com os objetivos propostos e os resultados encontrados.

Para mim, a apresentação da monografia é um momento quase sempre tenso para o expositor e acho isso algo completamente normal. Há que se ter sensibilidade para entender que aqueles 20 minutos (tempo estipulado para cada defesa) em alguns casos são os mais angustiantes de uma carreira acadêmica ainda em formação. “Gagueiras”, “brancos” e choros são normais! Precisam ser entendidos dessa forma.

Essa semana estive na banca de um aluno brilhante, um pesquisador curioso e arguto, um redator talentoso e desprovido de preguiça. Mas esse aluno tem um grave defeito, ele é tímido! Sua monografia de graduação apresenta 85 páginas de uma discussão aprofundada, coerente e relevante. Mas ele é tímido.

Na sua tensão ele não expressou-se bem na apresentação e, mesmo tendo sido excelente em todas as respostas dadas à banca examinadora, não obteve o merecido 10,0!

Ele foi tímido!

Vejo freqüentemente pesquisadores renomados que se apresentam mal em público, não por timidez, mas por preguiça. Vejo trabalhos irrelevantes sendo premiados com 10,0! Não há uma coerência na vida acadêmica.

Essa semana vi uma carreira que pode ser brilhante sendo punida pela timidez. Prefiro os tímidos competentes aos “desenrolados enrolões”!


quarta-feira, 16 de junho de 2010

Uma obra através do universo!



Esse não é um blog sobre os Beatles, por isso vou fazer o possível para esse não ser um post sobre eles!

Recentemente entrei na era do Blu-Ray (mídia que venceu a guerra contra o DH-DVD pela sucessão do DVD) e minha primeira aquisição foi o filme Across The Universe.

Os musicais estão em baixa na produção cinematográfica há alguns anos, diferente dos tempos em que Gene Kelly, Doris Day, Frank Sinatra e tantos nomes estrelavam obras-primas do gênero. Porém, alguns cineastas ainda se arriscam no gênero e vez por outra filmes como Moulin Rouge e Chicago aparecem.

A simplicidade e a complexidade podem andar juntas e quando isso acontece, normalmente nos surpreendemos. É simples apreciar a música dos Beatles, ouvir suas melodias e gostar das suas letras. Mas é complexo produzir novas versões, mexer no “sagrado” para os fãs mais ardorosos. O próprio George Martin (produtor da banda e considerado o quinto Beatle) foi criticado pelas mexidas que fez no Yellow Submarine Songtrack e Beatles Love.

Então o que dizer de um musical do século XXI cantado e tocado por jovens atores e músicos que contam uma história toda criada a partir e através das letras das músicas dos Beatles?

O resultado é perigoso, mas é genial!

O filme Across The Universe pega o espectador e o leva para além do que se imagina... o roteiro trata do inglês Jude que chega aos EUA durante os anos 60 e se envolve com a estadunidense Lucy. Além disso, fazem parte da trama Max, Jo-Jo, Prudence e Sadie (todos nomes de personagens de músicas dos Beatles). A história usa as angústias e o rápido amadurecimento de pessoas que a princípio só queriam curtir a vida, mas são colocadas em situações que pedem um posicionamento, seja na vida afetiva, relacionamento com amigos, drogas, política, lugares e experiências... tudo isso ao som de versões bem criativas de várias canções de todas as fases dos Beatles. O filme conta ainda com a participação de Bono Vox como Dr. Robert, Salma Hayek como uma enfermeira em Hapinness Is a Warm Gun e Joe Cocker cantando Come Together!

Não quero dar mais detalhes sobre a obra porque cada pessoas precisa experimentá-la à sua maneira e quanto menos se sabe, acredite, nesse caso é melhor!

Algumas idéias parecem óbvias, mas nunca são produzidas, o Across The Universe foi.

Across The Universe. Dirigido por Julie Taymor. Elenco: Jim Sturgess; Evan Rachel Wood; Joe Anderson; Dana Fuchs; Martin Luther McCoy; T. V. Carpio; Bono; Eddie Izzard; Salma Hayek e Joe Cocker. Estados Unidos e Inglaterra, 2007. 133 min.

sábado, 12 de junho de 2010

Pelo "direito" de não fumar maconha!


Eu nunca fumei maconha!



É verdade! Porém quando afirmo isso em algum lugar, percebo olhares de desconfiança. Talvez aconteça por ser praticamente impossível uma pessoas de 32 anos nunca ter provado.

Tive todas as oportunidades pra consumir a famosa Cannabis: cresci num bairro suburbano de Olinda; passei boa parte da minha adolescência morando próximo a uma área conhecida como “maconhão”; desde cedo ouvi bandas que tinham uma forte ligação com a maconha (Led Zeppelin, Pink Floyd, Jimi Hendrix e Janis Joplin); costumava freqüentar bares recifenses em que o ato de “puxar um” era rotineiro; freqüentei a Universidade em um curso com grande número de colegas que fumavam (Geografia) e sempre tive amigos que fumam abertamente, mas nunca me chamou atenção.

Eu não tenho motivos pra mentir sobre isso, vivo numa democracia que permite que pessoas com grande apelo popular (principalmente com os mais jovens) preguem a liberação e o consumo livre da erva.

Mas às vezes me sinto como um adolescente virgem que é apontado pelos outros “ele nunca transou, hahahaha”. Eu não sou mais virgem, isso é verdade, mas nunca fumei maconha.

Me sinto diferente, confesso que gosto!

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Futebol? Aconteceu tarde...


"Eu me apaixonei pelo futebol como mais tarde viria a me apaixonar pelas mulheres: súbita, inexplicável, incriticavelmente, sem pensar na dor ou nas perturbações que isso me traria."

Esse texto não é meu, é a abertura do livro autobiográfico de Nicky Hornby, Febre de Bola.

Quase todos os homens que gostam de futebol e mulher se identificam com essa afirmação. Eu não consigo lembrar exatamente quando comecei a gostar de futebol, também não lembro muita coisa da primeira vez que fui a campo e nem quantas partidas assisti pela TV (nunca gostei de transmissão por rádio).

Gosto de ver, discutir, ler, sofrer e entender futebol! Adoro futebol! Fico indignado com quem tem preconceito com futebol, principalmente os que se dizem intelectuais.

Vejo acadêmicos discutindo sobre dança como expressão do ser, pintura rupestre, cinema iraniano, barbatana de peixe, cruzamento de pato, teoria malthusiana, livro de Paulo Coelho, porém quando alguém comenta sobre futebol é quase sempre a mesma coisa: “Esporte de massa que serve para dopar a população e fazê-los esquecer o quão miserável é sua vida”. Conversa fiada, o futebol talvez seja a única maneira de parar guerras, unificar diálogos, estabelecer um ponto em comum e isso ainda é pouco explorado! Estamos começando uma Copa do Mundo, evento de apenas um esporte que causa mais impacto que as Olimpíadas!

Haverá o dia em que o futebol será mais respeitado, não pela paixão que desperta (como a paixão pelas mulheres), mas pela importância social que exerce e espero ansioso pra dizer “isso já aconteceu tarde”!

segunda-feira, 7 de junho de 2010

O Revolver Mudou Minha Vida


Posso dizer que existe uma vida antes e depois do Revolver.


Eu já conhecia Beatles, claro! Help foi a música que marcou uma parte da minha infância, despertando meu interesse não apenas como apreciador, mas como um fã de música. A partir de Help eu comecei a buscar música e não apenas esperar que ela viesse até mim através do rádio ou TV, o que era de costume para a grande maioria das pessoas.


Em 1993 eu estudava num colégio no centro de Recife que ficava a cerca de 200 m de uma famosa loja de discos que misturava coisas novas com raridades (uma das poucas do gênero que ainda hoje existe). Era um oásis para colecionadores naquela época.


Fiquei durante três semanas visitando a loja, apreciando aquele amontoado de Lp´s, camisas e VHS, cd ainda era algo apenas para quem tinha muito dinheiro. Numa tarde de terça-feira fui lá para comprar o meu primeiro LP! De certa forma eu estava orgulhoso, saí de casa na certeza de comprar um disco!!! Havia juntado três semanas de mesada!


Eu não sei exatamente o porquê, mas naquele dia eu larguei mais cedo, fui até a loja e me direcionei à prateleira que continha os discos dos anos 60, lá estavam os lp´s dos Beatles entre outros nomes como Elvis, Rolling Stones, Credence Clearwater Revival e The Mamas & The Papas. Como eu já conhecia alguns discos dos Beatles, decidi comprar aquele que me pareceria mais desconhecido.


Olhei aquela capa em preto-e-branco com uma colagem de fotos misturadas a 4 desenhos que representavam John, Paul, George e Ringo. Eu conhecia apenas duas músicas: Yellow Submarine e Eleanor Rigby. Comprei o Revolver, paguei exatamente Czr. 14.000,00. Peguei o ônibus com aquele monte de gente subindo quase ao mesmo tempo enquanto eu tentava proteger o vinil para que não amassasse ou quebrasse.


Cheguei e fui logo colocando o bolachão pra tocar. O que aconteceu em seguida foi algo que eu simplesmente não consigo descrever.


Uma voz fazia uma contagem “one, two, three, four” e entrava uma batida de guitarra com uma voz firme e logo em seguida uma bateria seca e marcante e depois um backing vocal. As lembranças são bem fragmentadas, mas me recordo de uns acordes de um instrumento para mim totalmente estranho (Love You Too), um riff de guitarra totalmente desconcertante (She Said She Said), um naipe de metais (Got to Get You Into My Life), uma voz que parecia lamentar algo (For No One), uma música que parecia vir de longe e se materializar (I Want To Tell You) e, por fim, uma coisa tão estranha e fascinante que até hoje me faltam palavras pra descrever (Tomorrow Never Knows).


Lembro claramente da minha reação, eu ficava no terraço me perguntando o que é isso? Que banda é essa? Que instrumento é esse? Quem canta isso? Me parecia que essa não era a banda que eu já conhecia há alguns anos.


A partir daquele momento, despertei um interesse em conhecer música, buscar coisas novas (mesmo que sejam antigas), de descobrir novos sons, melodias, vozes, arranjos. De certa forma, aquela tarde e o Revolver moldaram minha personalidade. Creio que até hoje procuro aquela sensação, cheguei perto algumas vezes, mas nenhuma com tanta intensidade. Se hoje eu tenho o costume de “garimpar” cd´s e dvd´s em todas as lojas e cidades que visito, de ter a coleção que tenho, isso aconteceu graças ao Revolver e aos Beatles e aquela tarde de 1993.


O Revolver mudou minha vida!

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