Meus professores eram mestres, os autores que eu lia eram mestres.
Em 1996, não havia ainda essa quantidade de doutores e doutorandos. Então, desde cedo eu me preparei pra fazer mestrado. Investi cada semestre da minha graduação em temas que poderiam ser úteis no mestrado; fui monitor (por um semestre); bolsista de extensão (por dois semestres) e bolsista de projeto de pesquisa (por quatro semestres). Além de trabalhar auxiliando pesquisas de outras pessoas. Fui construindo um currículo com publicações, participação em mini-cursos, congressos, etc.
Quando terminei a graduação, ainda com 21 anos, não me sentia preparado para fazer o mestrado. Mesmo ouvindo de vários colegas e professores que eu deveria fazer a seleção, não era a prova que me preocupava, era ser mestre. Então esperei. Fui trabalhar num grande projeto financiado pelo governo britânico, onde praticamente fiz outra graduação de tanto que aprendi. Lá pude publicar livro como primeiro autor e viajar para fazer pesquisa na Inglaterra.
Em 2003, me sentia pronto pra fazer o mestrado. Praticamente descartei tudo aquilo que havia aprendido e investi numa linha de pesquisa que eu nunca tinha trabalhado. Assim, eu faria algo que me desse prazer e seria realmente um desafio. Fiz a seleção, passei, entrei e iniciei um dos períodos mais difíceis da minha vida profissional. Não vou ficar fazendo longos comentários sobre os dois anos no programa de pós-graduação até porque hoje é um dia de celebração.
Mas nesses dois anos eu perdi meu orientador que faleceu por conta de um câncer; tive a minha bolsa suspensa por dois meses por erro dos outros; perdi quatro meses de prazo porque a minha turma precisava se ajustar aos prazos dos órgãos de fomento e tive um orientador que não demonstrou interesse em seguir com o trabalho. Porém, me concentrando nas coisas boas, tive um excelente co-orientador que acompanhou todo o trabalho e abriu portas para mim; fiz um trabalho inédito dentro da minha área (o que só pedem no doutorado) e tive a defesa mais tranqüila que vi até hoje. Quanto à defesa, estava lá um dos maiores pesquisadores de todos os tempos: Manuel Correia de Andrade!
Em 29 de agosto de 2006 eu defendia minha dissertação, dois meses depois colava grau.
Hoje percebo a pressão para fazer doutorado, esse dia ainda vai chegar... e até lá, eu ainda sou aquilo que sempre quis ser quando me tornei universitário: Mestre!