quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Só sei que gosto

Gostar não tem explicação, estou convencido disso. Aquela pessoa, aquele lugar, aquele momento, aquele filme... Todo mundo tem algo que gosta e em alguns momentos fica até constrangido de falar sobre isso em público.

Como não fujo a essa regra, eu posso dizer que gosto do RPM e não sei por quê. Talvez o fato de ter sido uma criança nos anos 80 e bombardeado diariamente com imagens, músicas e comentários deles tenha algo a ver. Lembro de brincar com alguns colegas na rua que morava e eu, então com 8 anos e exibindo meus longos cabelos, imitava o Paulo Ricardo, enquanto os demais assumiam os postos de Fernando Deluqui, Luiz Schiavon e Paulo Pagni. Éramos um grande sucesso, pelo menos no nosso mundo!

Mas a infância e os anos 80 passaram e eu tenho em casa um Box com todos os discos da banda, DVD e li sua biografia, Revelações por Minuto de Marcelo Leite de Moraes, 450 páginas de um texto raso e sem coragem. Eu já tinha ficado muito decepcionado com a biografia do Barão Vermelho. Agora fico ainda mais com essa e pelos mesmos motivos. Não entendo como os escritores brasileiros conseguem escrever tão mal sobre os ícones dos anos 80. Qualquer dia eu ainda posto o que achei da biografia dos Titãs, A Vida até parece uma festa de Hérica Marmo e Luiz Adré Alzer. Juntos, esses três livros não precisam ser lidos, posso assegurar.

Já até vi a banda ao vivo no Altas Horas e gostei, fico então ouvindo o disco Quatro Coiotes, aquele último que, aparentemente, ninguém ouviu e ninguém gostou. Mas eu gosto, vai entender as pessoas...

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Universidade e Frustração

Cresci numa família em que meu pai era o exemplo do universitário que eu tinha como estereótipo. Cabelos longos, socialista, fã de Raul Seixas e Belchior, que sempre estava lendo algum livro e apresentava uma opinião crítica em relação ao mundo.

Há pouco mais de 15 anos eu ingressava na Universidade. Estava então com 17 anos e cheio de sonhos, esperanças, ansiedades, receios e mais um monte de sentimentos que nos cercam nesse momento. Passava a fazer parte do 1% da população que entrava em um curso superior (pelo menos era isso que dizia o panfleto que alguém do Movimento Estudantil me entregou).

Pensava que estaria entrando num ambiente extremamente atraente. Na minha primeira semana, tudo isso se erodiu... Os meus colegas eram tão perdidos quanto eu e com o “agravante” de ouvirem forró, pagode e axé, pelo menos eu ouvia rock´n´roll. Os socialistas, em sua maioria, falavam mal de tudo e todos, fumando maconha e bebendo cerveja com a mesada dos pais, esse não era meu mundo. Os “não-socialistas” faziam a mesma coisa, mudando apenas o conteúdo de algumas conversas, esse também não era o meu mundo. Havia ainda aqueles que trabalhavam o dia todo e quase sempre falavam de esposas, empregos e prestações, assuntos que eu nem conseguia acompanhar. Confesso que tive dificuldade de encontrar a minha turma. Afinal, eu não queria me casar, ter prestações, me embebedar todos os dias e muito menos fumar maconha e parecia, pelo menos para mim, que eu não poderia ser o universitário que imaginei ser.

Então aproveitei a universidade para namorar e encontrei uma menina que queria o mesmo que eu. Os meus dias não eram regados a discussões filosóficas, música “alternativa” e opiniões sobre tudo, mas longos beijos nas escadas. Com o tempo, descobri as possibilidades de pesquisa e segui esse caminho. A frustração sumiu. Olhando para trás, faria tudo novamente.

Agora vejo a Universidade de oura forma, afinal, trabalho em uma. A frustração que tenho hoje é de ver a grande maioria dos que a fazem, apenas reproduzir o que já foi feito. Vivemos “produzindo” artigos que aliam referencial teórico à experimentação/observação de alguma coisa. Entramos no modelo fordista e, esquizofrenicamente, procuramos atender aos requisitos da Capes e CNPq: produção, produção, produção!

Ainda hoje sonho com o universitário que tinha em casa na minha infância e fico pensando se ele estava apenas na minha imaginação ou se houve um tempo em que a universidade era um lugar melhor para se frequentar.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Amo você, porque... (por Juliana Andrade)

Olá, boa tarde a todos.

Gostaria de agradecer a presença de todos vocês aqui para festejar um dia cheio de motivos para se comemorar.

O primeiro motivo é que estamos hoje aqui para comemorar a oficialização do nosso casamento, que aconteceu na última quarta-feira. Finalmente dissemos o nosso ‘sim’ para a juíza.

O segundo motivo é que completamos 5 anos de casamento no dia 30 de setembro, sexta-feira passada. Imaginem que luxo simultaneamente casar e comemorar 5 anos de casamento!

O terceiro motivo é que esse casamento já foi abençoado com uma filha linda, inteligente e saudável – Luisa. E que venham os próximos, não é, Paulus?

Mas eu queria tomar um pouco do tempo de vocês para falar um pouquinho da sensação de casar outra vez – e com a mesma pessoa.

Como eu já ouvi o geógrafo e amigo Sid (junto com Roberta, os padrinhos de Luisa), o passado não pode prever o futuro, mas ele pode explicar o presente.

Quero dizer com isso que nossos 5 anos de convivência explicam e justificam o dia de hoje, esses 5 anos dão a razão de estarmos comemorando hoje nosso casamento no civil, depois de 5 anos.

Isso porque a descoberta do outro como pessoa real e não idealizada (situação natural quando a paixão se abranda) não esmoreceu nosso desejo de ficar juntos, de continuar nossa caminhada juntos.

O outro Paulus que se revelou para mim, cheio de defeitos e qualidades, não me completa, me transborda. Me faz ser o que eu gostaria de ser com a tranquilidade e estabilidade de que preciso, faz emergir o melhor de mim.

Uma grande diferença de se casar depois de 5 anos “casados” é que não há aquele sentimento de insegurança – será que vai dar certo? Será que nos daremos bem sob o mesmo teto? Será que o conheço mesmo?

Casar depois de 5 anos “casados” desfez o medo do desconhecido ou a insegurança pelo futuro incerto quanto à compatibilidade.

Não quero dizer com isso que somos os mesmos há 5 anos, mas o casal que temos nos transformado nos agrada, é belo e nos dá paz.

Vou matar Paulus de vergonha agora.

Amor, amo você por várias razões.

Amo você, porque você é honesto mesmo quando não está sob supervisão.

Amo você, porque você é sincero mesmo quando eu não quero ouvir, mas preciso ouvir.

Amo você, porque você é tranqüilo mesmo quando eu me descabelo.

Amo você, porque você é focado mesmo quando eu quero abraçar o mundo.

Amo você, porque você é coerente mesmo quando o caos se instaura e eu faço uma tempestade em um copo d’água.

Amo você, porque você brinca com nossa filha, mesmo depois de um dia pesado de trabalho.

Entretanto, não há razões para te amar. Como disse Drummond de Andrade, "Eu te amo porque te amo, amor é estado de graça, e com amor não se paga".

Paulus Stephanus Haluli, sim, eu te aceitei como esposo há 5 anos e te aceito hoje. E, para não fugir da tradição, eu te prometo... levar comigo, por mais 5, 10 anos e assim por diante, o desejo e a disponibilidade de estar na relação e no casamento para sermos felizes, mesmo com dificuldades e problemas, num lar abençoado por Deus para que nossos filhos tenham para si esse referencial de homem e mulher, que amam a vida e as pessoas.

Obrigada pela atenção e divirtam-se!

Essas foram as palavras de Juliana Andrade para Paulus Haluli no dia do casamento em 02 de outubro de 2011.

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