segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A Eternidade de George Harrison

Os Beatles eram uma banda que me fascinava na infância. Para mim, era John Lennon e mais três. Um deles era Paul McCartney, os outros dois eram uns caras que tocavam na banda. Da infância para adolescência, fui lendo algumas coisas e entendendo a importância deles na história mundial.

Com isso, soube quem era quem. Um dia comecei a procurar saber quem cantava o quê. Para minha grande surpresa, as músicas que mais me emocionavam eram as de GEORGE HARRISON! Impressionante, como aquele cara que poucos falavam poderia ser, pelo menos para mim, o melhor? Não sabia naquele momento. Mas hoje eu sei.

Nenhum músico tem uma importância tão grande na minha vida como George Harrison! Ninguém cantou com sua emoção, ninguém tocou o slide com tanta eloquência e ninguém fez tantos solos perfeitos. As suas letras são tão pessoais e universais ao mesmo tempo que, seja de onde for, você se vê nelas. Talvez quem não tenha a ligação que tenho com a música não entenda, os demais saberão.

Na manhã que vi a notícia de sua morte, há 10 anos atrás, parecia que um parente muito próximo havia partido. Chorei bastante naquela quinta-feira e, desde então, entendo e aceito suas palavras “all things must passa, all things must pass away”.

George nunca soube quem eu sou, mas ele sempre será uma das pessoas mais importantes da minha vida pela sua obra e sua maneira de viver. Faço minhas suas palavras “There's a fire that burns away the lies. Manifesting in the spiritual eye. Though you won't understand the way I feel, You conceal, all there is to know. That's the way it goes”. Mas o próprio George disse que ele não era sua obra, ele era outra coisa... Eu não sei o que ele era, só sei o que ele representa.

Para mim, George será eterno, disso tenho certeza. Acho que ele tenha previsto o porquê, quando disse “But unlike summer came and went. Your love is forever. I feel it and my heart knows. That we share it together.

George Harrison é eterno e devemos partilhar isso!

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

O clássico "do meu tempo"

Existem alguns discos que são tão relevantes que extrapolam o âmbito musical. E há vários que são chamados de clássicos, mas às vezes estamos apenas forçando a barra porque gostamos dele, achamos que são mais importantes do que são ou ganharam adeptos ao longo dos anos.

Poucos discos são ícones de uma geração e nisso acho que os anos 60 são campeões com álbuns dos Beatles (Sgt. Pepper´s e Abbey Road), Bob Dylan (Highway 61 Revisited), The Doors (The Doors), Jimi Hendrix (Eletric Ladyland), Beach Boys (Pet Sounds) e Rolling Stones (Beggar´s Banquet). Nos anos 70 temos o Pink Floyd (The Dark Side Of The Moon), Led Zeppelin (IV), Sex Pistols (Never Mind The Bollocks) e David Bowie (Ziggy Stardust), nos anos 80 é a vez de Michael Jackson (Thriller) e U2 (The Joshua Tree) só para citar alguns. Mas nenhum desses é “do meu tempo”, afinal, nasci no final dos anos 70 e durante os 80 eu era uma criança.

O clássico da minha época é o Nevermind, o disco mais importante dos anos 90 e nem adianta os fãs do U2, Guns’N´Roses ou Pearl Jam reclamarem. No Brasil, chegou quando a geração do rock dos anos 80 estava se perdendo e o axé, pagode e forró eletrônico começavam a se tornar onipresentes.

Lembro que a primeira vez que vi o clip de Smells Like Teen Spirit fiquei impressionado com aquela bateria limpa; a guitarra pesada, mas melodiosa e o vocal agressivo de Kurt Cobain. Não havia, pelo menos para mim, uma referência para aquilo. Até a capa era diferente de tudo, um bebê pelado mergulhado numa piscina. Os meses passam e conheço o belo clip de Come As You Are e depois o escracho de Lithium. Ainda viriam In Bloom e a belíssima Polly. O disco ainda tem Breed, Territorial Pissing, Drain You, Lounge Act, Stay Away, On A Plain, Something In The Way e Endless, Nameless. Eu não tinha dinheiro pra comprar o LP e CD era ainda ficção-científica. Só me restavam às rádios e a MTV.

Nevermind marcou no seu lançamento e nos anos seguintes. A banda nunca conseguiu igualar o feito, mesmo que tentasse com o In Utero que possui bons momentos e se despediu com o fantástico MTV Unplugged In New York. Kurt Cobais se matou, Dave Ghroll montou o Foo Fighters e Krist Novoselic caiu no ostracismo

O Nevermind é meu o clássico contemporâneo. Eu vi ser lançado, ouvi quando ninguém ainda sabia o que seria, e segui pela adolescência e vida adulta. Vez por outra, ainda o escuto e me recordo do meu quarto de pré-adolescente cheio de fotos dos Beatles nas paredes.

Recentemente, adquiri a versão deluxe com bônus e uma embalagem caprichada. Mas a edição em CD que possuo há mais de uma década, ficará guardada como uma recordação. Eu cresci com um clássico, talvez o último. Um clássico do meu tempo e que me acompanhou durante vinte anos.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Eu vi um Beatle em Recife!

Quando me tornei fã dos Beatles lá no final dos anos 80, algumas coisas eu sonhava... sonhava em ter todos os lp´s da banda, conhecer todas as músicas e um dia poder ir a Liverpool. Confesso que assistir algum deles ao vivo nunca foi meu sonho porque era um tipo de sonho que eu nem podia imaginar. Era algo tão distante como surfar no sol.

Isso começou a mudar ano passado depois de assistir a quatro shows de Paul McCartney e o show de Ringo Starr, aliás, o show de Ringo foi a noite mais emocionante da minha vida.

Mas ver um Beatle na minha cidade natal, no lugar onde vivi por 30 anos era algo ainda mais impossível. Quando penso em todas as vezes que ouvi, vi e pensei nos Beatles, todos os encartes, revistas, livros, sites, jornais, documentários, enfim... tudo que vi e ouvi que trata de Ringo Starr, aquela imagem tão presente na minha vida e hoje poder assisti-lo na minha cidade. Não há palavras para descrever.

Eu vi um Beatle em Recife!

Quanto ao show? Quase perfeito, digo “quase” porque eu queria ver mais Ringo, queria que ele cantasse mais! Só! Mas para quem nunca havia sonhado com isso, tive demais!

A platéia deu um show à parte com todas as homenagens feitas a ele. E Ringo retribuiu com simpatia e talento. Atenção e afeto! Diria Paul: "and in the end, the love you take is equal to the love you make".

Valeu Ringo! Foi o melhor presente que recebi em Recife!

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Para celebrar Ringo Starr (Top-5)

Ringo Starr é o único baterista de rock´n´roll que possui uma carreira solo consolidada. Isso é fato! Como fã de Beatles desde a infância, me acostumei a ouvir de pessoas com pouco conhecimento ou muito preconceito palavras depreciativas em relação à Ringo. Hoje nem discuto mais, não vale à pena perder o tempo. Qualquer baterista numa banda que possuía John Lennon, George Harrison e Paul McCartney ficaria ofuscado, mas felizmente e devido ao seu talento, isso não aconteceu ao Ringo. Aos 71 anos, apresenta 16 álbuns solos, com hits em primeiro lugar e uma longa lista de pessoas influenciadas por ele.

Mas para que só o conhece pelas músicas dos Beatles, aqui vai um Top – 5 dos seus trabalhos solos!

1 –Ringo (1973)

Considerado por quase todos, o melhor trabalho solo dele e um dos melhores dos ex-Beatles. Ringo mais parece uma coletânea de tantas músicas boas que apresenta. Dois presentes de George Harrison (Photograph e Sunshine Life For Me), um de John Lennon (I’m The Greatest) e um de Paul McCartney (Six O’Clock), além da participação deles tocando e cantando. O disco ainda tem a bela You And Me (Baby), a escrachada You´re Sixteen e a potente Oh My My. Aliás, não tem sequer uma música razoável. Todas são excelentes. Ringo está cantando muito bem e o disco termina com um clima de felicidade nunca visto em outro trabalho pós-1970.

2 – Times Takes Times (1992)

Ringo entra nos anos 90 com um discaço! Depois de quase dez anos sem lançar nenhum álbum, esse á uma aula de rock´n´roll. Lançado em meio ao movimento grunge e o confuso mercado de início da década, não chamou muita atenção do público maior. Mas não conheço fá de Beatles que não adore essa pérola. “Weight Of The World” é, na minha opinião, uma forma de Ringo se despojar do fato de ser um ex-Beatle e “Don’t Go Where The Road Don’t Go” é o Ringo que todos conhecem, só ouvindo pra perceber!

3 – Old Wave (1983)


Não sei o porquê desse disco ser tão raro. Já visitei dezenas de lojas em diversas cidades e nunca vi esse cd para vender! Aqui temos o Ringo tocando jazz, soul, rock, balada... impressionante. Com participação de Eric Clapton, Joe Walsh (ex-Eagles), Gary Brooker (ex-Procol Harum) e John Entwistle (The Who) e composições bem inventivas, Old Wave precisa ser ouvido com muito respeito. Be My Baby, In My Car e I Keep Forgettin´ são tesouros escondidos.

4 – Sentimental Journey (1970)

Se alguém tem alguma dúvida do fantástico artista que é Ringo Starr, escute “Night And Day” para perceber que ele não deve nada Frank Sinatra! Aliás, essa versão é superior a de Sinatra ou de Billie Hollyday. E se alguém duvida da sua capacidade de cantar, é só escutá-lo na música título do disco ou na melhor versão de “Have I Told You Lately That I Love You?”. Seu primeiro álbum solo é também o seu mais audacioso.

5 - Ringo Rama (2003)

Entrando no novo século com o melhor do século passado. Ringo Rama apresenta a comovente homenagem a George Harrison “Never Without You” (que já nasceu como clássico). O disco é praticamente uma grande homenagem ao melhor do rock´n´roll e faz isso com participações de David Gilmour, Eric Clapton, Willie Nelson e mais de uma dezena de excelentes músicos. Os maiores homenageados são os Beatles, referências em letras, efeitos sonoros e harmonias estão presentes em praticamente todas as músicas. Procurá-las á um bônus pra quem escuta.

Observação? menção honrosa precisa ser feita ao excelente Goodnight Vienna (1974), I Wanna Be Santa Claus (1999)(disco só com músicas sobre natal) e The Anthology... So Far (2001) (com sua All-Star Band)

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

O que eu diria a mim mesmo (se me visse criança)

Na excelente série Life On Mars (na trama um policial volta ao ano de 1973 depois de ser atropelado e não sabe o porquê e nem como voltar), o protagonista encontra-se com a criança que ele foi e troca algumas palavras consigo mesmo. A cena é fantástica! Em outro episódio, ele “conhece” seu amigo e mentor quando esse ainda era um jovem.

E como só preciso de um estopim para fazer a mente viajar, fiquei imaginando como eu encararia essa situação. Como seria voltar no tempo e me ver quando criança. Voltar no tempo e não voltar a ser criança. Acho que criança eu ainda sou, só que com muitas obrigações, responsabilidade e um corpo mais velho. Mas voltar e ver a criança que eu fui, no ambiente em que vivi seria bem interessante. Esse tipo de viagem é impossível ainda, mas na imaginação eu já fiz.

Seria bom ver aquele menino magro de cabelos longos, pernas tortas e óculos maiores que o rosto jogando bola na rua às tardes (eu era péssimo, mas era o dono da bola) e brincando de “se esconder” à noite. Arengando com os meus melhores amigos por causa de um brinquedo (pipa, pião, comandos em ação) ou qualquer outra coisa tão importante.

Poderia me ver “caçando” carteiras de cigarros usadas que acreditávamos, valia alguma coisa; indo ao bairro vizinho escondido dos meus pais porque era “muito longe” e “perigoso” ou pegando um ônibus escondido para ir até o centro de Recife e voltar sem descer. Poderia me ver aprendendo a nadar no mar; vendo o Santa Cruz jogando no Arruda nas noites de quarta ou a minha felicidade quando viajava para a cidade das minhas avós (Pesqueira). Seria bom ver a minha reação ao ouvir pela primeira vez Help! na Rádio Cidade, me tornando um fã dos Beatles

Olharia para os meus amigos da “rua” e da “escola”, quando ainda eram crianças e ainda criávamos os laços de amizades que nos mantém até hoje, mesmo que o tempo pareça nos separar. Veria meus tios e primos tão presentes na minha infância e o tempo que passávamos juntos.

Veria ainda a minha mãe me levando à Mesbla e perguntando qual LP eu queria ter e eu fascinado com a generosidade dela e meu pai me acordando nas manhãs de sábado pra irmos à praia do Janga, quando eu ia morrendo de sono e felicidade. Seria bom ver meus pais mais novos, meus vizinhos conversando nas calçadas, as ruas e apartamentos ainda sem as reformas que deformaram o bairro. Seria bom poder ouvir a minha voz e poder conversar comigo mesmo (sem eu – o outro eu – soubesse).

Seria bom rever tudo isso agora com o olhar dos 33 anos. Poderia dizer tanta coisa pra mim, que eu usaria óculos por algumas décadas; que meu time me daria mais tristeza que alegria; que aquela menina que eu ainda iria conhecer, não valia à pena; que aquele colega seria meu melhor amigo; que aproveitasse mais a infância porque a adolescência seria muito difícil; que eu iria estudar na universidade a matéria que eu mais gostava na escola; que eu iria morar numa cidade que eu ainda nem ouvira falar; que eu realizaria o sonho de uma vida ao ver os Beatles (ou pelo menos metade) tocando ao vivo; que eu amaria um poodle chamado Mike; que eu ganharia uma irmã e sobrinhos lindos; que meu irmão pequeno ficaria mais forte que eu... Enfim, poderia dizer tudo isso, ou não dizer nada, afinal, talvez aquele menino não entendesse... Acho que eu apenas olharia para mim num exercício narcisista e saudoso e voltaria ao presente pra guardar mais uma lembrança.

Afinal, podemos medir nossa vida pelas lembranças...

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