quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

2014 - Enfim, o fim de 2013


E finalmente 2013 acabou! Bom, eu sei que estamos próximos do fim de 2014, mas como disse antes, 2013 não terminaria no último dia do ano passado, ele termina agora.

A jornada foi intensa, cheia de surpresas, abnegações, redescobertas, readaptações... Aprendi a viver fora do Brasil, mas queria mesmo era voltar, e voltei. Não me transformei num estrangeiro e tão pouco fiquei “mais brasileiro”. Eu me tornei mais Sidclay. 

Porém, a jornada interior é a melhor e a mais difícil de todas. Acredito que ela aconteceu no momento certo. Não sou mais um jovenzinho aventureiro descobrindo o mundo e nem ainda um idoso fazendo a retrospectiva da sua vida. O que aprendi só foi possível agora e o resultado será aplicado no que virá. 

No frio e isolamento do Norte, eu finalmente me encontrei. E despido de vaidade, posso dizer: eu gostei muito de mim. 

Viver sozinho foi um grande – e doloroso – (re)aprendizado. Após centenas de horas completamente só e dependendo de mim mesmo, me senti liberto. E agora posso me aprisionar apenas se – e até quando - eu quiser. Não conheço uma liberdade melhor que a da própria mente!

Saí da zona de conforto em janeiro do 2013 ao som de John Lennon (Watching The Wheels) e terminei dezembro de 2014 ao som de Paul McCartney (I Want To Come Home) – algumas coisas nunca mudam, como o meu gosto musical.. Mas enfim... encerrou-se uma jornada.

Top 10 - Músicas de 2014

2014 foi um dos anos com mais altos e baixos da minha vida, acho que por isso as músicas são tão distintas em sua "atmosfera". Um top 10 carregado na neve.

Rapaz Latino Americano - Felipe Cazaux - Sem dúvida a música que mais ouvi em 2014, numa versão blues impressionante! A letra diz tudo...

The Blues You Sang - James Yorkston - A melhor explicação do que foi Québec na primeira metade do ano.

We Have Been Lost - Stephanie Dosen - A voz sem força (mas com muita emoção) que me acompanhou a maior parte do ano e uma música tão rara que nem no youtube se acha.

A Ton Étoile - Noir Désir - E finalmente consegui "aceitar" uma banda de rock francesa.

Wherever I May Roam - Metallica - Depois de "velho", Metallica começou a fazer parte da minha vida e essa música é a melhor explicação do que é viver "por aí"...

Wonderous Stories - Yes - Para mim, o show do ano. Eu vi o Yes e essa música sintetiza o momento.

Fala - Secos & Molhados - A melhor representação do que é ficar calado quando não se pode ou não se quer falar.

Shaft - Isaac Hayes - E uma cidade desconhecida no norte do Canadá (Chibougamau) será eternamente lembrada toda vez que eu ouvir essa música.

Louder Than Words - Pink Floyd - E quando menos eu esperava, algo "novo" e belo do Pink Floyd, melhor representação do que foi meu segundo semestre.

(I Want to) Come Home) - Paul McCartney - 2013 (isso mesmo), acabou com a melhor letra de música que explica o que foram esses dois últimos anos. Muito obrigado por explicar tudo, Paul!










E algumas menções honrosas: 

Crimson and Clover - Tommy James & The Shondells
American Pie - Don McLean
Satellites - Doves


segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Outro inverno, sempre a mesma estação

Sempre sou perguntado sobre o inverno canadense e como é viver seis meses sob a neve e temperaturas negativas. Agora que entro no meu terceiro inverno, voilá l'hiver quebécois!

Começando - o mês de outubro é bem interessante, as folhas caem deixando a cidade com uma beleza impressionante. Faz frio, mas temperaturas positivas, um casaco resolve. E ainda é possível observar o espetáculo das cores na paisagem ... Eu poderia viver toda a minha vida no outono, eu acho. 

Primeira parte (novembro e dezembro) - as primeiras neves caem. O mundo colorido fica branco quase que de repente. Em meio ao aprender a conviver com a neve vem também a vida com pouca luz. O sol se vai muito cedo, em dezembro, às quatro da tarde já escurece, sem contar que também nasce tarde, quase sete da manhã. Se o dia for nublado, então... A sensação de fadiga é constante, mas a experiência ainda é agradável. 


Segunda parte (janeiro e fevereiro) - o ápice do frio, em Québec temos temperaturas abaixo de -30ºC! Acredite, esse frio dói no seu corpo! Os dias vão gradativamente ficando menos curtos, mas a quantidade de neve que ainda cai é desoladora! Percebe-se como é difícil viver sem cores. Pois é, enquanto muitos pensam no frio, eu sentia falta de ver cores. O cinza, marrom e branco da cidade me afetavam bastante. Em meio a isso, tudo funciona perfeitamente na cidade.

 
Terceira parte (março e abril) - o frio diminui, o que não é lá grande coisa porque ainda continuamos entre -5ºC e -20ºC. A imensidão branca está mais forte e com as várias camadas de neve socada ao longo dos meses... Começa-se a pensar na primavera que, em teoria, já chegou. A irritação é visível a cada vez que neva... O sentimento de "quero sair dessa merda branca" é enorme. Fins de abril, o verde começa a aparecer.

Terminando - Para quem vive (e sobrevive) a um inverno assim tão longo, sente-se uma grande felicidade de rever o verde, as flores e poder guardar aquele casaco e botas que estiveram colados ao seu corpo nos últimos meses. A primavera de fato começa em maio.

E entre junho e setembro se vive meses muito agradáveis... É quase a perfeição. Mas essa perfeição só é de fato apreciada com os meses enterrados no branco.

Estou iniciando o meu terceiro inverno e posso dizer: Nunca mais! Estou arrumando as malas pra voltar pro sertão, lá onde calor insuportável me espera... Como nunca estamos satisfeito, irei reclamar e até sentir falta de Québec, mas assim somos.

Pode ler também

Related Posts with Thumbnails