sábado, 22 de agosto de 2015

Tem que ser julgado, avaliado, rotulado, carimbado se quiser voar...e se quiser outras coisas também

Oh cara, toca Raul!!!!!  Não sei exatamente se você já ouviu esta frase ou variante dela em algum bar que você já frequentou, eu já , e não foi pouco. Mas por que razão citar  Raulzito no caput do texto? Bem, é simples. O ano provavelmente era 1983 e eu tinha 4 anos, sei que foi a primeira vez vi isso naquele programa infantil e lá estava Raul Seixas, não sabia quem era ele, mas lembro-me bem da música e depois revi as imagens no YouTube (sempre ele para ajudar a revirar as profundezas de nossas almas e memórias. Contudo, como diz a imortal frase de Connan “Mas isso é outra história...”)

Voltemos então ao assunto original. Obviamente, em minha mente algumas frases referentes à música citada ficaram registradas em minha memória infantil e me acompanham até hoje, ainda mais quando converso com o Sid (dono deste blog). Umas destas frases são “...Tem que ser selado, registrado, carimbado, avaliado, rotulado se quiser voar! Se quiser voar....” e a outra “Mas já pro seu foguete viajar pelo universo, é preciso meu carimbo dando o sim, sim, sim, sim”. E é a partir daí que realmente começo este texto. Desculpe ter sido prolixo.

De volta para o futuro, ou melhor dizendo para o presente e/ou talvez para o passado recente, tenho com frequência lido os comentários na internet relacionados a política e outros assuntos um pouco menos densos também. Sim, tenho optado por preferir os comentários e não necessariamente o conteúdo jornalístico.

Assim, estas leituras remetem à minha época de estudante em uma universidade federal no Rio Grande do Sul há 13 anos. Era um período em que algumas expressões passaram a fazer parte do meu cotidiano e eu, naquela época , ainda não sabia muito bem o que elas significavam.

Era curioso ouvir algumas pessoas, a maioria delas na verdade, fazer uso de expressões como reacionário, conservador, neo liberal de merda, ditador sem que elas mesmas nem soubessem muito bem o que significava isso, mas ok, melhor era guardar pra mim essas opiniões. Afinal, aqueles genuínos democratas não iriam mesmo querer aceitar o contraditório. Outra coisa curiosa também, era ouvir comentários e olhares de desprezo e reprovação quando argumentava coisas do tipo “ué, mas qual o problema do cara ser rico, mesmo que seja o George Soros?” ou então “Mas vocês não acham que o problema não é o capitalismo, o problema é sim o que ALGUNS SERES HUMANOS fazem com ele?" Confesso, creio que ali começava a nascer em mim uma simpatia por algumas ideias de Max Weber sem mesmo conhecê-lo, imagina a “heresia" estudar Weber na Geografia e esta aversão não viria dos Professores - constantemente chamados de “de direita” por aqueles que simpatizavam com o barbudinho e leram o Autor pelos lábios dos outros e pelas orelhas. Não as orelhas dos livros mas pelo que foi dito a eles que o autor escreveu..

Obviamente, minha inocência e/ou burrice, não me fazia perceber que dizer isso num curso de Ciências Humanas, cheio de defensores de um certo barbudo nascido na Alemanha e amigo de Engels , certamente iria me causar vários problemas. E de certa forma causaram, mas foda-se, na atualidade acho graça disso.

O fato é, terminei a graduação, emendei no Mestrado e hoje, treze anos após iniciar minha graduação as mesmas palavras estão bombando pela web ( reacionário, conservador, neo liberal de merda , ditador, alienado - sendo que nestes casos, os adjetivos se referiam somente a quem não colocava uma camisa de CHE ou  não andava barbudo, a barba não podia ser por  desleixo, preguiça ou vontade de não tirá-la. Mas por ideologia, sempre) e assim, lembro-me de um momento em que na Universidade, um colega me disse que era exatamente isso que Raul dizia e nós éramos crianças para entender.

Como disse Raul, tem que ser julgado, avaliado, rotulado, carimbado se quiser voar... e  também, se não quiser se meter em discussões que não interessam a você por julgar perda de tempo ou por discordar daqueles que sabem resolver os problemas do mundo, mas que muitas vezes não conseguem organizar uma lista de prioridades no cotidiano, independente da posição política e ou partidária.

Agora deixa eu ir embora. Afinal tenho que fazer a revolução ou mudar o país, você escolhe sua frase preferida. Mas espero que ela (a revolução e/ou a mudança) não chegue na hora marcada. Afinal, não deu tempo de ir ao shopping comprar minha camisa da seleção brasileira e/ou arrumar com os “companheiro” uma bandeira de movimento social (sabe que esqueci de fazer uma lista com as minhas prioridades de hoje). Claro, durante a manifestação eu vou postar tudo no Insta, meu smartphone, eu sempre levo comigo para postar fotos nas baladas e nas manifestações. Com o perdão da redundância.

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